A sociedade reclama de um Estado sem representação. Mas a culpa é da própria sociedade, que gere seu voto como uma praça pública. Deixam o trabalho do voto consciente para o outro. Oras dá trabalho votar corretamente... e tem-se o descaso democrático
O Homem -massa de Gosset é um ser impensante, que não valoriza o indivíduo, que não tem características próprias e
" cuja vida carece de projeto e caminha ao acaso. Por isso não constrói nada, ainda que suas possibilidades, seus poderes, sejam enormes...[q]uem não for como todo mundo, quem não pensar como todo mundo, correrá o risco de ser eliminado”
O Homem-massa então é utilizado por um para ser um insumo político, um insumo barato e sem valor, pois ele não respeita as individualidades. Você lembra do candidato que votou para o legislativo!? Lembra ao menos do partido?? E aí, o que isso sugere?
Acontece que um dia a conta chega. E chegou! Com a crise de representatividade, os maus governantes foram legitimados por uma maioria omissa, e preguiçosa, o homem-massa. A culpa é toda nossa. Legitimamos tudo com nossa omissão. Contudo, ideologias são levadas ao extremo nesse momento crítico. Surgem salvadores.
Donos da verdade. Culpados. E é nesse momento que se exige uma auto reflexão: as ideologias de hoje, o que fizeram para melhorar minha vida? Preciso subjugar o indivíduo à coletividade? Assistir a tudo isso, e não refletir, achar que está certo tudo que os outros fazem, é um sinal de alerta.
Qualquer um dos partidos são defensores de ideologias, e esse é o perigo em um jogo que não é aberto ao diálogo. Ideologias são boas quando nos deixamos ser abraçadas por ela. Mas são melhores ainda para esmagar os vencidos. E tudo se justifica.
Deixo então meu tom de defesa da democracia, de uma sociedade aberta, que aceita o diálogo. O Homem nunca será perfeito. O homem-massa nunca será homem...
"Numa boa ordenação das coisas públicas, a massa é o que não actua por si mesma. Tal é a sua missão. Veio ao mundo para ser dirigida, influída, representada, organizada – até para deixar de ser massa, ou, pelo menos, aspirar a isso. Mas não veio ao mundo para fazer tudo isso por si. Necessita referir a sua vida à instância superior, constituída pelas minorias excelentes. Discuta-se quanto se queira quem são os homens excelentes; mas que sem eles – sejam uns ou outros – a humanidade não existiria no que tem de mais essencial, é coisa sobre a qual convém que não haja dúvida alguma, embora leve a Europa todo um século a meter a cabeça debaixo da asa, ao modo dos estrúcios para ver se consegue não ver tão radiante evidência. Porque não se trata de uma opinião fundada em factos mais ou menos frequentes e prováveis, mas numa lei da «física» social, muito mais incomovível que as leis da física de Newton. No dia em que volte a imperar na Europa uma autêntica filosofia – única coisa que pode salvá-la –, compreender-se-á que o homem é, tenha ou não vontade disso, um ser constitutivamente forçado a procurar uma instância superior. Se consegue por si mesmo encontrá-la, é que é um homem excelente; senão, é que é um homem-massa e necessita recebê-la daquele. "Ortega y Gasset, in 'A Rebelião das Massas'
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