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Guido Mântega x Rui Barbosa (Encilhamento x BNDES)

Mais uma vez, sob a égide de não se cometer os mesmos erros do passado, nosso Ilmo. Ministro da Fazenda, se não tivesse faltado às aulas de FEB, talvez colocaria um tom de austeridade na política fiscal do governo. O BNDES desde a saída de Antonio Palocci, com a atual gestão de Guido Mântega, que era o presidente do banco de desenvolvimento estatal na época, tem se parecido muito com a gestão de Rui Barbosa, que entre 1889 e 1892 levou ao primeiro surto de hiperinflação no Brasil.

Prestem atenção aos objetivos da política de Rui Barbosa e Ouro Preto:
consistente promoção do desenvolvimento, crescimento econômico, distribuição de renda e da educação e confiança financeiras...
E os efeitos foram:
agravamento na concentração de renda, sobrevalorização do rentismo em detrimento da atividade produtiva, generalização da falência, ignorância e desconfiança em relação ao funcionamento dos mercados, além do aumento geométrico da dívida pública e estagnação da economia.
"Bastava um empresário apresentar plano de instalação de qualquer tipo de estabelecimento para que o crédito fosse concedido" (Azevedo, 1967)

Hoje em dia,  qualquer empresário que financiou a campanha do PT, PSB, PMDB, PCdoB, PDT e PRB,  será contemplado pela nova política do encilhamento promovida pelo BNDES. A maioria dessas empresas ligadas ao setores dos bancos, mineradoras e construtoras. E ninguém dá dinheiro, principalmente no Brasil, para comprar uma ideologia de governo. A doação se pauta por um investimento (deriva-se daí que se espera um retorno financeiro pelo dinheiro "investido" na campanha), exatamente pelo caráter discricionário de política desenvolvimentista adotado no Brasil. E esse fato é desde sempre.

A palavra encilhamento deriva das corridas de cavalo... pelo menos nesse caso não há certeza de quem ganha e de quem perde. Mas no caso atual, quem ganha são os empresários e os políticos e quem perde é a própria sociedade.

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