O Governo atual se caracterizou por medidas pontuais, que alteram as condições de competitividade em apenas um setor, em cada medida. Foi assim com o IPI, para as montadoras, construção civil, material de construção, eletrodomésticos da linha branca. Parece, que basta um setor chorar, que logo é atendido, com medidas que são de curto prazo, sem um marco regulatório definido, e que só gera pressão inflacionária.
Uma política industrial deve ser horizontal, contemplar todos os setores, de forma que o governo não altere os preços relativos. Isso se aprende no 4 período da faculdade de economia. Hoje, em pauta, o setor industrial de eletroportáteis mostra que não tem como competir com a China. A oferta nacional atende apenas a 30% do que é consumido internamente.
Eles clamam por incentivos, mostram que diferentemente dos setores da linha branca e marrom, não receberam subsídios. Ora, e por que a sociedade deve pagar a conta da sua eficiência!? Não se faz política industrial com medidas pontuais, de mercado em mercado. E sim, uma que contemple toda a malha industrial.
O Brasil precisa urgentemente adotar os padrões internacionais de impostos e encargos trabalhistas. Temos um diferencial absurdo, conhecido como Custo Brasil. Nossas empresas têm um custo muito maior de impostos diretos e indiretos sobre a folha salarial e sobre suas operações. Além de tudo isso, pesa também a baixa qualidade da nossa infraestrutura, que depende maciçamente de caminhões para escoar sua produção.
Essas medidas, tão necessárias, são proteladas por um Governo que parece que gostou da discricionariedade da função para conceder favores a quem os interessa. Se é amigo, tem BNDES, subsídios e abatimento fiscal, se não, fica com a lei. Parece a velha política varguista, de "aos amigos tudo, aos inimigos a lei".
E não pense você que agora com o dólar se valorizando, e ainda irá subir mais, o setor de eletroportáteis irá melhorar. Nada disso, grande parte dos componentes desse setor é importado, e com isso, se o preço dos insumos sobe, sobe o preço do bem final. E a inflação mais uma vez dá sinais de que se alimenta da discricionariedade e de um Estado que é privado, que legisla e governa de olho em quem está direta (os eleitos) ou indiretamente (os amigos) no poder. Diz que democracia, entre nós, não é entendida como o poder exercido pelo povo, mas como a possibilidade de usar o povo para conquistar, exercer e se beneficiar do poder.
É a velha máxima de Sérgio Buarque, o homem cordial!
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