Em pauta, novamente o movimento de protestos contra os aumentos das passagens. A resposta da imprensa brasileira é analisar de forma viesada a destruição provocada pelos protestos, ao invés de analisar a causa dos mesmos. Sendo assim, a imprensa acaba por gerar mais revolta.
O principal papel da imprensa é trazer dados, pois informação só se tem com conhecimento, só o receptor consegue criar a informação, a partir dos dados. E nada se falou do motivo que levou este aumento. Parece uma queda de braços entre sociedade e os empresários de ônibus, envolvendo os motoristas, trocadores, policiais e os jovens no protesto.
Nada poderia ser mais desvirtuado! O aumento das passagens não está ligado a ganância dos empresários de ônibus, pois, se esse aumento fosse apenas para elevar os lucros, seria fácil escolanar este aumento, de forma isolada, sem gerar alarde. Um aumento coordenado, maciço de todas as empresas só pode indicar que a inflação é a causa. Ela que elevou os custos das empresas que são: diesel, mão de obra, manutenção, a compra dos ônibus. Sendo assim, qualquer comparação com aumento de passagem com salário mínimo é infundada. Tem que se comparar este aumento com a elevação dos custos dos insumos da indústria.
O segundo ponto é que de fato não se tem transparência na contabilidade das empresas de ônibus. Ou seja, não se pode evidenciar na prática o aumento nos custos, que está sendo repassado nas passagens. Isso é um absurdo. Eles operam em uma concessão pública, e deveriam publicar seus dados para que toda sociedade pudesse monitorar seu funcionamento, trazendo confiança para o sistema. Aliás, toda a empresa que atua em uma concessão pública deveria por lei fazê-lo. Não o faz porque nosso Estado é conivente com isso, e o pior, grande parte dele está e recebe dinheiro dessas empresas.
Os casos mais escabrosos são da LAMSA, que administra a linha amarela no Rio de Janeiro, a rede Globo de televisão que opera em uma concessão pública e ninguém sabe sobre suas contas. Companhias de luz, água, metrô. Ninguém sabe nada sobre seu funcionamento. E isso é contra a eficiência econômica, pois não garante o funcionamento dos teoremas de bem estar, pois existe uma forte assimetria informacional. E informação nesse caso é a grande crítica, e deve ser a bandeira desse movimento.
Saber o porquê deste aumento, entender as causas, essa deveria ser a bandeira das passeatas. Devemos sempre atacar a causa e não sintomas. Sob o risco de lutarmos contra uma doença de forma errada e sem percebermos sucumbirmos a esta.
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